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A identidade profissional dos agentes de segurança do TRT

Por Arthur Lobato, psicólogo, responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG. Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria do SITRAEMG. O Sitraemg, através do Departamento de Saúde no Trabalho e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM), tem realizado reuniões e rodas de conversas setoriais para entender melhor a relação de prazer e sofrimento no ambiente de trabalho, que é a base da psicodinâmica do trabalho, método desenvolvido pelo pesquisador francês Christophe Dejours. Além disso, o DSTCAM participa do comitê gestor de saúde do TRT e TRE, e do comitê do teletrabalho do TRT, procurando entender a nova forma como o trabalho está se organizando no judiciário, a partir da implementação da política de metas e produtividade e da virtualização do trabalho, por meio do teletrabalho e do processo judicial eletrônico. Neste ano, várias ações foram efetuadas como a análise sobre o trabalho do assistente do juiz, uma roda de conversa com este segmento, reunião com o presidente do TRT quando foram apresentadas as demandas dos assessores de juiz. No mês de junho, foi realizada uma reunião com os agentes de segurança do TRT, e, também, uma enquete, onde os agentes apontam suas queixas e sugestões. Identidade e identificação são conceitos diferentes, pois minha identidade é única, expressa de forma tradicional, por exemplo, na nossa carteira de identidade, ou seja, quem eu sou — nome, filiação, data de nascimento, CPF —, nossa identificação no sistema de segurança pública do país. Mas, identificação é um processo onde eu me incluo em um grupo, em uma ideia, em um clube, associação ou partido, por me identificar com as pessoas que tem a mesma identificação que a minha. Por exemplo, posso ter identificação com um time de futebol e meu amigo com outro. No trabalho dos agentes de segurança, identidade e identificação com o trabalho estão mais misturadas, pois pode-se ter uma identificação, ou não, com a atividade. Por exemplo, uma pessoa que quer ser médico, mas não teve condições de estudar em boas escolas e tem o sonho desfeito e parte para a procura de um emprego para sustentar-se mas não tem uma identidade, uma identificação com este trabalho. Mesmo assim, espera-se que ele cumpra o que foi estabelecido no contrato de trabalho. Quanto mais nos identificamos com nosso trabalho, mais prazer temos nesaa atividade, mas quanto menos nos identificamos com o trabalho, menos prazer teremos neste trabalho, o qual existirá somente com uma finalidade: sobrevivência. No trabalho nossa autoestima é dada pelo outro, pelo colega, pelas palavras de elogio, pelo sorriso, pelo simples bom dia ou boa tarde. É a urbanidade, a educação, tratar nosso semelhante como igual, atitudes que estão em falta nos dias de hoje. Mas o que é ter uma identidade com a profissão? É se sentir útil e reconhecido com seu trabalho, respeitado com a consciência de ser útil. A identidade profissional, esta ligação a autoestima do trabalhador e sua relação com os colegas de trabalho reforça ou diminui a autoestima. Em recente encontro no SITRAEMG, quando foi apresentada uma pesquisa sobre aposentados, uma das participantes, aposentada recentemente, falou da alegria de ir ao Tribunal rever os colegas e teve um sentimento muito positivo do seu trabalho e dos relacionamentos interpessoais com seus ex-colegas do Tribunal. Ela comentou que em uma de suas visitas ao Tribunal, depois de aposentada, um agente de segurança disse que ela ia muito no Tribunal depois de aposentada e que ele quando se torna-se aposentado nunca mais iria neste local. Acho que este caso daria um bom debate, pois na mesma instituição servidores com funções diferentes tem percepções diferentes da relação de prazer e sofrimento no ambiente de trabalho. Na reunião realizada com os agentes de segurança do TRT, o que ficou mais evidente é a sensação de invisibilidade dos agentes, que não recebem um simples cumprimento de bom dia ou boa tarde, das dezenas de pessoas que passam por ele diariamente. Outra queixa foi o constrangimento que vivenciam quando têm que pedir documentos ou verificar bolsas e pastas de visitantes e advogados. Diversas vezes, sofrem violência verbal e humilhação dos que não veem nele um agente de segurança que esta ali para dar proteção ao público e aos servidores, mas é visto como um porteiro intrometido. O próprio fato de não usarem uniformes que o identifiquem como agentes de segurança fez com que o próprio grupo confeccionasse jaquetas com o nome de sua profissão: agente de segurança. Isto deu ao grupo uma maior identidade como grupo e com seu trabalho. Um agente de segurança destacou que, em determinados edifícios, centenas de pessoas passam diariamente, e isso é uma grande responsabilidade para o agente, pois qualquer problema envolvendo a segurança tanto dos servidores quanto dos cidadãos que estão no prédio da Justiça do Trabalho será responsabilidade deles. Ironias como “você não faz nada”, “tem que terceirizar”, entre outras, criam também uma baixa autoestima e o trabalho começa a ser vivenciado como sofrimento. A questão da terceirização é uma ameaça real aos agentes de segurança, já que não haverá concursos, nem reposição dos aposentados e dos adoecidos. A saída inpidual praticada por alguns, para sobreviver, é trabalhar em desvio de função nas varas de trabalho. Há também uma ideia de transformar os agentes de segurança em agentes da polícia judiciária, motorizada para patrulhamento externo, fazendo também o serviço de proteção aos magistrados e oficiais de justiça. Para saber mais sobre as propostas dos agentes de segurança veja a enquete feita pelo SITRAEMG por meio deste link. Mas toda ação para ser viabilizada passa pela organização e participação dos agentes junto ao SITRAEMG para viabilizar suas demandas. Arthur Lobato Psicólogo/ Saúde do trabalhador
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